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PAZ: ONDE O BICHO PEGA


Minha avó, a professora Mireta Lacerda, dizia sempre: “minha neta, escolha um ideal longo, que demore muito para ser realizado pois isto prolongará sua vida”. Quando ela se deparava com algo difícil e de caráter definitivo dizia : “bicho esta pegando” ou “é aí que o bicho pega”. Mamãe escondia livros de filosofia e de espiritualidade de mim e dos meus irmãos porque temia por nossas vidas, mas íamos descobrindo as coisas sozinhos.

Naquela época, eu ria muito desses temores e não tinha a menor idéia do que queriam dizer sobre o “bicho pegar”, nem sabia que bicho era este. Nos anos 60, os jovens que sonhavam com um mundo melhor foram severamente tolhidos, mortos ou exilados.

Mas a maioria somente desejava viver bem e queria o mesmo para todas as pessoas. Os livros de iniciação do Circulo Esotérico da Comunhão do Pensamento e o livro do Imperador Amarelo, de Filosofia da Acupuntura, foram proibidos.

Veio a repressão e, no Brasil, o ”bicho pegou” por 20 anos. Neste período, os espiritualistas se organizavam para copiar livros ou escrever à mão, guardando, às escondidas, a literatura que achavam que se perderia no esquecimento. A frase que mais se ouvia neste época era “não existe possibilidade de mudanças coletivas para melhor, se o ser humano não mudar a si mesmo”. O mal só ganha adeptos porque as pessoas que lutam pelo bem são incompetentes.

Foi neste ponto da minha vida que a ficha caiu, pois não importa se o canalha é de esquerda ou de direita, a questão não é o partido político, mas o canalha. Não importa se alguém mata em nome de Deus ou não, a questão é não matar.

Quando ouvi uma pessoa dizer que “os fins justificavam os meios" me opus e, de repente, disse sem pensar: Não, os meios devem ser tão bons quanto os fins que desejamos alcançar. Mas a história continuou para mim. Surgiram milhares de centros de estudos oferecendo aulas de massagem, pêndulo, Cabala, Tarot, macrobiótica, pirâmide, etc. Assim, o conhecimento ia se difundindo sem parar e todos os temas falavam de igualdade, paz e liberdade.

Criei o CEVIP (Centro de Estudos Vitalista Paracelso), que se tornou um lugar para amparar os suicidas e deprimidos, os perdidos na vida. Eu mesma depois de 14 anos estava emocionalmente esgotada, foi quando mudei de calendário e encontrei o nosso Mentor. Penso que a idéia do que seja a paz não pode depender de partidos políticos, nem de opiniões articuladas de intelectuais. Paz é paz. Nunca pensei que falar sobre Cultura de Paz pudesse causar tantos transtornos, mal entendidos e desconfianças ao mesmo tempo que encanta.

Paz é o que mais queremos na vida para todas as pessoas, independentemente do lado político ou religioso que se encontrem. Mesmo quando estão em guerra, todos desejam a paz. Hoje, como num passe de mágica, algumas pessoas começaram a nos combater, postando absurdos enormes nas redes sociais, Outros começaram a fazer um combate severo a minha pessoa e a tudo que se relaciona a mim.

Fui perseguida por homens armados na rua e assaltada várias vezes na porta de casa até ser obrigada a mudar de bairro. Tive estafa e precisei entrar em tratamento. Até amigos que julgava serem companheiros se afastaram, alguns de forma delicada e outros um pouco menos, pois mudara o estilo de vida. Entendi que estava começando a me envolver com algo perigoso: a paz.

Enfim, entendi o que minha avó dizia sobre o “bicho pegar”. Na vida temos que fazer escolhas e optei pela paz, e criei a ON. PAZ SEM FRONTEIRAS - www.pazsemfronteiras.org.br

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